segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Diva

Certa vez eu li na internet, num trecho de um livro de uma amiga de Tereza Rachel o seguinte comentário (mais ou menos assim): Eu e Tereza íamos a festas e os homens a convidavam para sair. Ela estava deprimida na época mas eles não percebiam. Então ela me disse: "agora eu sei porque a Marilyn Monroe se matou".

domingo, 6 de maio de 2012

QUE REI SOU EU?

De volta, no canal VIVA, a partir de sete de maio de 2012, a trama QUE REI SOU EU?, de Cassiano Gabus Mendes, onde Tereza Rachel interpreta a rainha Valentine do reino de Avillan. Este é, sem dúvidas, seu papel mais marcante na televisão, pelo qual é reconhecida até hoje. Sua interpretação original possuia muito do improviso e criações da própria atriz, ja que, segundo ela, o diretor Jorge Fernando acabou dando carta branca para Tereza criar livremente. Contou-me a atriz que inicialmente o papel seria de Yoná Magalhães, mas acabou caindo em seu colo de última hora. Tereza disse que procurou encontrar um diferencial para a personagem, algo marcante, e lembrou então de sua antiga professora, a grande Henriette Morineau e de seu sotaque e sua maneira de falar. Daí teria nascido a cadência marcante do modo de falar da personagem. Tereza Rachel deu a rainha ainda uma gargalhada iconfundível e muito divertida que, conta a atriz, pedem até hoje que ela imite. Conversando com Tereza, ela disse que faria o papel novamente com muito prazer, pois foi uma grande e maravilhosa experiência. Agora, para quem estiver afim, basta dar uma conferida na televisão, ou mesmo no youtube. É uma verdadeira aula de interpretação, de expressão vocal, corporal que a atriz nos presenteia. E além do mais, a novela é muito boa.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Teatro Tereza Rachel reabre


O Teatro Tereza Rachel acaba de ser reinaugurado. Sob novo nome. Mas em homenagem a sua fundadora, manteve-se o nome da sala de espetáculos como Tereza Rachel.






Projetado em 1958 pelo arquiteto Henrique Mindlin, o teatro, localizado no bairro de Copacabana, foi inaugurado em 14 de outubro de 1971 pela atriz que lhe dá o nome, com um show de Gal Costa, em uma temporada de apresentações que seriam registradas no disco ao vivo Fa-Tal - Gal a Todo Vapor. Em seu palco, vários sucessos da dramaturgia brasileira e internacional foram apresentados, entre eles Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams e os musicais Gota d'Água, de Chico Buarque de Hollanda e Paulo Pontes, e A Chorus Line, de Michael Bennett.

Entre os grandes nomes das artes dramáticas que lá se apresentaram, estão Paulo Gracindo, Bibi Ferreira, Marília Pera, Sérgio Brito e Juca de Oliveira, além de músicos e cantores como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Novos Baianos e Luiz Gonzaga..

Usado como espaço para pregações religiosas da Igreja Universal do Reino de Deus entre 2001 e 2008.Em 2004, o teatro foi tombado pela prefeitura do Rio de Janeiro. Entre 2008 e 2011, o espaço foi usado pelos diretores e produtores teatrais Cláudio Botelho e Charles Möeller como local de ensaios e seleções de elenco dos musicais produzidos pela dupla no Rio de Janeiro. Em 2011, foi arrendado pelo produtor cultural Frederico Reder, da Brainstorming Entretenimento. Depois de uma grande reforma reabrirá em 6 de abril de 2012, com o espetáculo BIBI, com Bibi Ferreira e orquestra, no qual a atriz-cantora faz um grande passeio pelos seus 70 anos de carreira, comemorando seus 90 anos de vida, interpretando canções de Amália Rodrigues, Edith Piaf e compositores brasileiros, além de contar histórias dos bastidores do teatro Brasileiro. Tendo a empresa de telecomunicações NET como patrocinadora oficial, passa a se chamar Theatro NET Rio.

Para ampliar o espaço, foram arrendados mais três imóveis (dois antiquários e um estúdio fotográfico), aumentando o teatro de 1.300 metros quadrados para 1.500, com duas salas de espetáculos. A maior, batizada de Sala Tereza Rachel, tem capacidade de 789 lugares, e a menor, Sala Paulo Pontes, contará com 200 lugares. Ambas as salas dispõem da mesma estrutura, apenas com a diferença de tamanho.

(FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teatro_Tereza_Rachel)





O Rio vai voltar a ter o antigo Teatro Tereza Rachel, em Copacabana, dessa vez com o nome de Theatro Net Rio, e volta dia 4 de abril totalmente reformulado graças a um patrocínio da Net. O show de abertura do local será de Bibi Ferreira, com seu show “Bibi” comemorando seus 90 anos.
“É uma grande honra inaugurar o teatro com uma temporada de Bibi Ferreira. Diante da falta de palcos no Rio de Janeiro e apenas um teatro na Zona Sul com mais de 700 lugares, é uma grande alegria presentear o Rio de Janeiro com o Theatro NET Rio. Principalmente por vivermos numa época em que sofremos com o fechamento do Villa Lobos, Canecão, entre outros palcos”, conta Frederico Reder, criador do Circo Reder e produtor teatral de sucessos como “Tango, Bolero e cha cha cha” e “O Pacto das 3 Meninas”. “Para homenagear a fundadora e o antigo nome da casa, batizamos o teatro de 789 lugares de ‘Sala Tereza Rachel’.”
(FONTE: http://www.diariodorio.com/teatro-tereza-rachel-reabre/)


O local é o mesmo, no segundo piso do shopping da Rua Siqueira Campos 143, em Copacabana. No foyer, haverá fotos e cartazes de peças e shows que tornaram célebre o teatro. Pouca coisa além disso lembrará que no espaço do novo Tereza Rachel, com reabertura prevista para o fim deste mês, existiu o velho Terezão.- Ficou o melhor: a história e o cimento - diz Frederico Reder, o produtor que arrendou o teatro da atriz Tereza Rachel por dez anos e está comandando uma reforma radical em que só sobrou mesmo o cimento do piso e das paredes.
Até o nome mudou: Teatro Net Rio - Sala Tereza Rachel. Por meio da chamada Lei do ICMS, de dedução fiscal, e também com investimento direto, a empresa será a patrocinadora do espaço. Ou melhor, dos espaços, pois ainda no primeiro semestre será inaugurada a Sala Paulo Pontes, no passado apenas um local para ensaios. Ela terá cerca de 200 lugares, enquanto o Terezão, fazendo jus ao apelido, terá 789.

- Não posso ignorar a história deste teatro. Os deuses não me perdoariam. O perfil da programação será o mesmo que o teatro tinha e que foi a razão de seu sucesso: diversidade e liberdade de expressão. É a cara de Copacabana - afirma Reder.
(FONTE: http://br.mulher.yahoo.com/teatro-tereza-rachel-reabre-fim-m%C3%AAs-totalmente-reformado-110000332.html)

terça-feira, 3 de abril de 2012

Entrevista em O CRUZEIRO (1975)


PARTE DA MATÉRIA : TEREZA RACHEL O MONÓLOGO DO SUCESSO


UMA TENTATIVA DE AUTODEFINIÇÃO

Tereza Rachel é uma dessas poucas criaturas do metiér que diz não separar a condição de atriz da de mulher. Acha que “essas coisas estão interligadas”. Radicaliza: “Pelo menos, comigo é assim”.
A seguir, colocada a questão, faz uma espécie de monólogo numa tentativa de autodefinir-se:
 Acho que estou realizando os meus sonhos de adolescência, o que considero muito importante. Procuro ser coerente comigo mesma e não perder a fé nas minhas crenças. Acreditar-se no que se faz é essencial. Minha geração é uma geração comprometida em fazer um bom teatro, um teatro baseado na cultura. Uns permaneceram fiéis a este ideal, outros não. Eu acho que posso me colocar entre os primeiros: fiel a meus ideais e a mim mesma. Sou muito sensível e me considero, sob um certo aspecto, muito infantil. Acho que ainda estou crescendo. Este crescimento vem sendo feito à custa de muito sofrimento. Aliás, considero o ser adulto aquele que é capaz de suportar o sofrimento. Eu ne sempre sei fazer isso. Caio de quatro muito facilmente. Mas tenho um força de vontade muito grande. A adversidade me dá forças. O que certas pessoas tiram de letra, eu não tiro. A rejeição, por exemplo, me é muito dolorosa. Eu preciso de ser amada. A cada dia que passa eu tento me conhecer melhor. Sou forte e frágil ao mesmo tempo. Burilo minha personalidade continuamente. Gostaria de nunca perder o meu entusiasmo. Só gosto de fazer as coisas com arrojo, com paixão e com ansiedade. Às vezes, até com voracidade. Tenho as minhas fases de medo e de coragem. Sou uma pessoa de altos e baixos. Quando estou bem, numa boa, me sinto segura e sou capaz de projetos incríveis. Dá-se o contrário, isto é, me sinto insegura quando estou em fase de maré baixa. Mas a insegurança faz parte da condição humana. Todos nós temos um pouco de insegurança. Quanto às companhias, fujo dos chatos e dos burros. A burrice incomoda, antes de tudo, e eu costumo dizer que suporto os chatos tomandoessas pessoas em doses pequenas. Sinto, muitas vezes, necessidade de solidão, sobretudo quando estou numa fase de comunicação intensa, quando estou de bem com a vida, com os outros e comigo mesma numa fase de muita produtividade. Mas gosto da solidão como uma opção, a solidão escolhida. Considero-me uma pessoa supermoralista, apesar do esforço que a gente faz para se despir da educação que nos foi transmitida, de toda carga negativa e puritana que a gente recebe, como foi a minha formação, e da qual a gente procura se libertar no bom sentido. Mas no fundo eu sou uma supermoralista. Mas isso em relação a mim mesma, não em relação aos outros. Ser moralista, para mim, é não fazer o mal, é trilhar o caminho certo, honesto, não construir a sua felicidade em cima da infelicidade dos outros.


(…) Ao concentrar-se nas figuras humanas , põe em destaque seu ex-marido e sua irmã, pessoas, segundo a atriz, dotadas de uma generosidade incomum, de um despojamento total, em todos os sentidos. Seu marido combatia a sua “moral de monja” e abriu-lhe os caminhos da vida. “É um homem de uma grandeza fora do comum, com uma maneira de dar-se e de amar acima de todas as medidas e padrões, de uma infinita solidariedade”. Realça as mesmas virtudes na pessoa de sua irmã, “parte vital na minha vida, de uma dedicação a toda prova”. E diz mais: “Uma criatura de uma fantástica coragem em relação às porradas da vida e que coloca a sua pessoa sempre em último lugar, vivendo em função dos outros, dotada de um altruísmo quase que absoluto”.
Ao falar nessas pessoas pelas quais nutre imensa admiração, amor e respeito, Tereza Rachel parece transfigurar-se.
Na Praça Nossa Senhora da Paz, enquanto posa para algumas fotografias que ilustram esta reportagem, o fotografo lhe chama a atenção para não ferir-se nos espinhos dos canteiros floridos, ao que a atriz retruca:
 Os espinhos que eu mais temo são as porradas da vida. Estes aqui eu tiro de letra.

( O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 2 de Abril de 1975)

OS FUZIS DA SENHORA CARRAR, Bertold Brecht, 1962

Tereza interpreta o papel título aos vinte e sete anos





quarta-feira, 28 de março de 2012

Amante muito louca

Filme de 1973, de Denoy de Oliveira, conta a história de uma vedete de teatro de revista que tem um caso com um homem casado (Claudio Corrêa e Castro)e, quando este decide ir para a praia com sua família, se revolta e decide ir também, armando um grande caos. Tereza Rachel ganhou o prêmio do Festival de Gramado de melhor atriz do ano por sua atuação como Brigite,a Louca. Este trecho mostra uma micro cena do filme.



INFÂNCIA - fotos

Terezinha Brandwain, passou a infância entre Nilópolis e o Rio de Janeiro. Seu pai era comerciante e sua mãe, modista. Nestas fotos ela aparece com a mãe, Leonor; também com os pais e a irmã e amigos em frente a sua casa; e numa festinha de carnaval.Quando criança sofria de bronquite asmática, o que fazia com que seus pais se mudassem em busca de um clima ideal a sua saúde. Tereza tem uma irmã cinco anos mais velha. Sua mãe tinha um atelier de costura com algumas empregadas e vendia roupas elegantes, mas morreu aos quarenta anos, quando a filha tinha dez anos de idade. Seu pai caiu numa profunda depressão e a irmã mais velha passou a cuidar de Tereza.





Uma atriz visceral



Tereza Rachel (nascida Terezinha Brandwain, numa comunidade judaica em Nilópolis, Rio de Janeiro; filha de pais poloneses) tem sem dúvidas uma das carreiras mais significativas entre as atrizes brasileiras no século XX. Entre seus prêmios conquistados estão o Saci, o Molière, o ABCT, o Candango, Coruja de Ouro, o Kikito. Atuou em montagens históricas como Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel (1965); O Balcão, de Jean Genet, dirigido por Victor Garcia em 1969, no Teatro Ruth Escobar; a primeira encenação de Bonitinha mas Ordinária, de Nelson Rodrigues (produção sua, em 1962); Édipo Rei (como a Jocasta de Paulo Autran, em 1967); A Mãe, de Stanislaw Witkiewicz (1971); Tango, de Slawomir Mrozek (sendo considerada por este espetáculo a produtora mais corajosa do Rio de Janeiro, ao trazer ao Brasil, pelas segunda vez, um texto de vanguarda da dramaturgia polonesa). Passou pelo TBC, pela Companhia Tonia-Celi-Autran, pelo TNC, pelo Grupo Opinião. Como produtora, articulou a vinda de diretores de vanguarda europeus para o Brasil (como Jorge Lavelli e Claude Regy), investiu em montagens originais. Fundou e administrou o Teatro Tereza Rachel, o qual durante mais de vinte anos abrigou espetáculos e shows históricos (como os de Gal Costa, Caetano Veloso, o último de Dalva de Oliveira), tornando-se um pólo cultural no Rio de Janeiro.
Tereza é conhecida ainda por sua habilidade como atriz trágica e já foi dito que tem a voz feminina mais bela do teatro brasileiro. Formou-se na Escola Martins Pena, sob a regência de Renato Vianna. Foi aluna de Henriette Morineau e estudou no Teatro Duse de Paschoal Carlos Magno, com quem seguiu numa caravana de estudos pela Europa, patrocinada por Assis Chateaubriand. Em Roma, participou de aula ministrada por Federico Fellini; em Paris, representou o Brasil na Noite Mundial do Teatro, onde declamou poesia brasileira e obteve críticas muito elogiosas. Em televisão faz participações ocasionais, mas obteve destaque em papéis marcantes, especialmente com suas vilãs, e como a rainha Valentine em Que Rei Sou Eu?, numa interpretação diferenciada e memorável que valeu alguns prêmios.
Entre seus espetáculos figuram ainda Os fuzis da senhora Carrar, Gata em telhado de zinco quente, Senhorita Júlia, O inimigo do povo, Um bonde chamado desejo, Fedra, Antígona, Boca de Ouro, o interditado na estréia Berço do Herói, para citar alguns.

Millôr Fernandes, autor de Liberdade Liberdade, assim apresenta a atriz em seu livro Apresentações:

“(...)posso dizer que assisti, sempre com agrado, algumas vezes com emoção, outras com insuperável admiração, mais de uma dezena de trabalhos de Tereza Rachel nesses 40 anos em que exerceu o comportado ofício do teatro, aliás o mais disciplinado que conheço.”
“(...)Fato de fundamental importância e nunca citado na vida (acima da carreira) da atriz é ela ter aceitado, num momento em que isso requeria não pequena coragem, representar, com Paulo Autran, Nara Leão e Vianinha, a peça Liberdade, Liberdade. Não por acaso escrita e dirigida por Flávio Rangel. E, por acaso, coadjuvada por mim.”
* FERNANDES, Millôr. Apresentações. Rio de Janeiro: Record, 2004.

Para Paulo Autran, colega da atriz em diversos trabalhos, entre eles Édipo Rei:
“Tereza é uma das poucas atrizes que tem o dom da tragédia.”
*entrevista ao Grupo Magno de Teatro (www.colmagno.com.br/teatromagno/paulo_autran.htm)

A crítica Maria Teresa Amaral assim define seu estilo:
"Teresa é um fenômeno - sempre a melhor nos espetáculos que participa. (...) Passa com limpeza e perfeição os sinais imprescindíveis à compreensão. Prática, econômica. Pesquisa estereótipo (...) para controlar a linguagem, permitindo uma troca precisa entre público e ator. (...) É didática. Usa emoção e inteligência para movimentar um referencial comum a muitos. Dosa informação e redundância com arte meio doméstica, mas de cozinheira exímia".
*AMARAL, Maria Teresa. Mais respeito com a Senhorita. Última Hora, Rio de Janeiro, 19 nov. 1981.

Tereza Rachel, ao longo de sua carreira, foi dirigida por nomes como Adolfo Celi, José Renato, Antonio Abujamra, Paulo Francis, Paulo José, Sergio Britto, Maurice Vaneau, Amir Haddad. Seu trabalho como atriz e produtora trouxe contribuições muito valiosas a historia do teatro brasileiro.